josé antonio
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escrever é um acto de partilha
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« em: Abril 11, 2011, 13:21:42 » |
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- A DEMOCRATIZAÇÃO DO ESTADO DE AUTOR Como suporte importante para comentar esta vertente, servir-me-ei, permitam-mo, da obra de Chris Anderson, editor chefe da revista Wired: - “ The Long Tail “ – “ A Cauda Longa†que como sabem, é o termo estatÃstico usado para identificar a distribuição de dados da curva de Pareto, na qual o volume dos dados é classificado de forma decrescente. De capÃtulo para capÃtulo é crescente o entusiasmo que o autor nos propõe, explorando pela primeira vez o fenómeno da cauda longa, usando o mundo dos filmes, da música e porque não, dos livros. Mostra-nos que a Internet deu origem a um novo universo, no qual a receita total de diversos produtos de nicho, com baixo volume de vendas, é igual à receita total de poucos produtos de grande sucesso. Chris Anderson revela as enormes oportunidades que se originam desse facto, vislumbrando um futuro, que em seu entender, está presente e crescente. Retenho da mesma obra um dado que me surpreendeu bastante, quando raciocinando em termos de Estados Unidos duma grandeza muito diferente da nossa, - que a média de exemplares por edição ronda os 500, e que na sua grande maioria, são publicados pelos autores, não para atingirem best-sellers e seus proveitos, mas para enriquecimento dos seus currÃculos pessoais e valorização do seu posicionamento social. Há poucos meses atrás li, salvo o erro num artigo inserto na revista Courrier Internacional, de que num futuro muito próximo, provavelmente a bater neste presente, os autores, como teria de ser, nos E.U.A e Inglaterra, iriam dispor de meios para imprimirem na hora, os livros encomendados pelos seus leitores e fazerem a sua expedição, com a garantia de imprimirem e enviarem apenas os exemplares vendidos e portanto receita concreta e que esta seria a aposta futura para os mesmos. A ver vamos… Aliás, não esqueçamos que em parte esta filosofia já é praticada pela Bubok Editora, que oferece os serviços de impressão através da tecnologia Print-On-Demand, não estipulando mÃnimos por edição, proporcionando um mercado para provável venda do livro por parte do autor. O mesmo recebe 80% dos lucros e a editora os restantes 20%.
- QUE ROSTO TERà O LIVRO DE AMANHÃ? “ E-books, mas com calma! “ – afirmou Vasco Teixeira, administrador e responsável editorial do Grupo Porto Editora, desde a década de 80, em entrevista ao JL de 22 de Fevereiro de 2011. E acrescenta: - Na ficção vamos ter e-books para download, em formato e-pub. Não temos previsto neste momento usar a tecnologia da Apple, até porque dificilmente as pessoas vão ler nesses aparelhos. E diz mais: - O digital não tem a dimensão da reflexão. Temos tendência para passar rapidamente de uma página para a outra, tocamos um Ãcone e já estamos noutro sÃtio. É uma abordagem mais superficial. Pessoalmente não poderei estar mais de acordo. O futuro livro será em papel e digital em simultâneo: – esta opinião é partilhada por Arantza Larrauri, directora da Libranda, a plataforma de distribuição de livros electrónicos, promovida pela Santillana, que após quatro meses da sua entrada em actividade, já agrega 90 marcas. Afirma que as editoras apostam no lançamento simultâneo dos novos tÃtulos em formato digital e em papel, para a oferta legal poder estar à altura da procura: “ É preciso convencer os autores e os agentes.†Outra batalha diz respeito ao preço. Um livro digital é 30 vezes mais barato do que o seu equivalente em papel. Para o escritor Lorenzo Silva, essa margem é insuficiente, porque o essencial é “ esquecermo-nos†de que o novo formato concorre com o tradicionalâ€. â€Ã‰ preciso explorar simultaneamente os dois negócios. Na área digital, o preço deveria ser quase simbólico, com uma margem pequena, porque se trata de uma ferramenta publicitária.â€. Sem ter o dom da profecia penso que este será o caminho futuro do livro, em papel e digital, obviamente com a condicionante de o livro em papel se poder transformar num artigo de luxo pelo preço mais elevado que atingirá, fatalmente como um bem de consumo mais restrito e por tal razão, apenas ao alcance das camadas sociais economicamente mais sustentadas. Quem pretender a sua biblioteca, tê-la-á de suportar com custos superiores.
- PORQUÊ PUBLICAR UM LIVRO? Para além do já exposto, o livro em papel é o veÃculo de comunicação do saber e da cultura mais disponÃvel, seguro e duradouro. Não utiliza cabos eléctricos, bateria, carregador, não tem de se reiniciar nem aguardar ligação à rede, porque sempre disponÃvel na página que desejarmos no momento da nossa procura. Habitualmente ninguém nos vigia para o levar de cima do banco ou da mesa do café aonde o possamos esquecer em contrapartida com o roubo imediato do portátil abandonado. Duradouro, porque nos pode perpetuar por mais alguns anos após o nosso desaparecimento como autores, quando fora da vida. 8 de Abril de 2011
José António Pinto
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