carlossoares
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« Responder #1 em: Abril 19, 2020, 14:44:30 » |
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É sempre bem vindo um pensamento que salta o muro ou que, se não pode sair pela porta sai pela janela e, se não puder sair pela janela sai pelo buraco da fechadura, porque é livre, porque é livre. O amigo Geraldes obriga a pensar. Se fosse uma provocação, poderÃamos inverter as coisas e dizer que...instaurou um sistema socialista, mas o capitalismo fez o resto... É possÃvel, no entanto, pensar que um sistema polÃtico, económico, social... não pode ser confundido com uma ordem natural das coisas. De qualquer modo, o sistema capitalista tem a aptidão para capitalizar tudo, incluindo o próprio prejuÃzo e a própria falência. O sistema capitalista sobrevive a tudo e ganha com (quase) tudo, com a morte, com a guerra, com a destruição, com a fome, com o talento e com a falta dele, porque é basicamente um modelo de contabilidade, em que as próprias preocupações humanas (saúde, bem-estar, justiça, paz) correspondem a um valor contabilÃstico e, nesta medida, até consegue capitalizar o socialismo e os afectos (o Marcelo é um caricato exemplo disso). Na minha opinião, o capitalismo só perde quando for "capitalizado" por um socialismo qualquer que sobreponha, à s veleidades e excentricidades e atrocidades do capital de indivÃduos ou grupos, o interesse e a sobrevivência do colectivo. Atualmente, a concentração de riqueza é de tal ordem que já dispararam os alertas mundiais automáticos... Irónica e paradoxalmente, esta concentração de riqueza, com todos os seus defeitos e perigos, parece ser uma bênção para a preservação do planeta. Se distribuÃssem a riqueza por todos, era o descalabro total. O capitalismo é autofágico, mas só até ao ponto em que não é capaz de permitir a sua própria reprodução. Exemplo disso é esta crise. Menos de um mês bastou para vermos o capitalismo a pedir socorro à queles que sempre maltratou e injuriou e abominou e, mais grave do que isso, a defender para si mais providência do Estado do que aquela que alguma vez admitiu para os mais desfavorecidos da sorte. Por outro lado, é sabido que o capitalismo, ou outro sistema qualquer, só irão até onde os deixarem ir. Quando o capitalismo, ou outro sistema qualquer, deixa de servir os interesses da sociedade e começa a ser perverso e nocivo para a mesma, a tal distribuição de talentos, a que se refere o Geraldes, cá estará para "garantir" que a justiça seja a última coisa a morrer.
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