gina
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partilhar palavras antes que o vento as leve
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« em: Outubro 22, 2008, 18:40:59 » |
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Maria, com seus caracóis em forma de canudos longos e sedosos, olhos expressivos e grandes cor de avelã, havia tido uma infância plena de todos os exageros.
Nascida numa pequena aldeia deste país pequeno, onde a maioria das pessoas ainda hoje continuam com ideias pequenas, foi criada em ambiente de pequenez de filosofia abrangente de vida, mas de exagero no mimo, no proteccionismo, no autoritarismo, no viver segundo os critérios do que os demais poderão pensar…”ai valha-me Nossa Senhora, não podes fazer isso, o que as pessoas irão dizer”?
Maria foi-se habituando a ouvir esta frase que se repetia quase sempre que tentava fazer algo que não se enquadrasse com os parâmetros das regras impostas pelos seus pais, pessoas muito regidas pelas aparências e com ideias fixas quanto à educação dos filhos, cujos valores rectos e exigências eram deixados em derrapagem quando Maria pedia qualquer objecto caro; pode-se chegar à conclusão que a única cedência dos pais era apenas essa, Maria não podia ir às festas com os amigos mas podia extravasar nas compras.
Maria foi compensando assim os desejos de uma menina absolutamente normal em gastos supérfluos, que no fundo, eram senão, apenas actos de pura revolta.
A família mudou-se para uma pequena cidade cosmopolita, à beira-mar, onde as aparências e o novo-riquismo é ainda mais evidente e notório, mas como as mentalidades raramente mudam, nascem connosco, duram, viajam connosco e perduram, a não ser que uma catástrofe as faça mudar, nesta história interminável não sei se alguma vez mudarão.
Maria, era já uma jovem estudante com 20 anos, com 1,70m, esbelta, de caracóis ainda mais louros pelo sol da sua nova morada, mas mais irregulares e menos trabalhados, os olhos mais expressivos que nunca; ávidos de curiosidade, mas que riam em vez de chorar a raiva de tanta pressão, de tanto controle em casa, e num ápice ela consegue dar mais um salto de rebeldia para fazer a mais incrível das asneiras da sua vida…nem ela sabe porquê!
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