“Oh então estava eu ali a olhar e apareceu-me aquele traste. Aquele jumento que sempre me maltratou! Passou por mim e nem me cumprimentou! Que atrevimento, que descarado! Desde a escola que sempre foi assim: arrogante e de nariz empinado, um autêntico palerma. Deve-se julgar como o outro, Rei de Espanha, pobre tolo! Sempre fui superior a ele e aos seus amigos idiotas. Sempre a bajular e a meter nojo! Nunca tive condições ( quem mas poderia dar?) económicas para rivalizar com ele. Sempre a gabar-se disto e daquilo. Que raiva! Ahhhhh….a pontada. Tenho que me acalmar, mas não consigo! Que raiva! Desgraçado sempre com inveja de mim. Sempre soube que se fosse para o vencer seria pelas notas lá na escola. Para quê? No final de que me serviu? De merda nenhuma. Vivo neste buraco há dez anos! Dez anos! Safou-se logo o burro, arranjou um emprego jeitoso, cortesia dos amigos dos pais e pronto, em vez de se fazer à vida, a vida fez-se a ele. E é assim! Passa por mim, ele e os palermas que o acompanham, e nem um “oláâ€. Pufff….Enfim nem vale a pena ter relações com gente dessa laia. É isso mesmo, tenho toda a razão! Não me diz nada, porque sabe que não estamos ao mesmo nÃvel. Porque sabe que nem conseguiria ter uma conversa literária comigo! Ah porra lá para isto e para essa gentinha pequena. Pequena em tudo! Em nÃvel e principalmente em cultura e educação! Nem a porra de um jornal lêem! Ignorantes analfabetos! Julgam-se com muito dinheiro e muitas posses e blablabla e nem o raio de uma carta sabem escrever! Que comédia que estupidez. Fico muito melhor sem eles eu e o meu buraco.â€
Dedicado a Gógol e a Dostoiévski.
http://mindmakers.wordpress.com/2009/01/04/noahiii/