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Dois sujeitos endrominados pela heroÃna, de calças furadas, a venderem espelhos de Toyota’s caixa-aberta. Eram de gadanhas ilÃcitas, nas trocas; cliente novo, cliente gasto. Os mais agarrados por perto serviam de isco. Eram um tipo de reverso da nota, um pouco mais apresentáveis, ao ponto de muitos dos vendedores se perguntarem se aqueles espelhos eram ou não roubados. Ou sim. Nota de dez euros e já lá iam os dois a atravessar as ruas, a passo de égua, quando o que queriam era cavalo! Ou dinamite!
Oh, oh.
Aqueles trejeitos de pedrados davam uma certa espiga de palhaços. Droga! Droga! Uh! Era no Alto da Moca, num atoleiro de articulações, como veias injectadas por putrefactos carros! Hu ChiEn ChAng! Os detritos embaralhados pelo chão, pisados, cagados, mijados, infectados, quanta daquela prata não era para o bronze! As paredes dos prédios em betão chapado, oh, que tara! Outras em tijolo alaranjando, ah, panca do diabo! No Alto da Moca há lagartos, limões bota alcatrão fora, tabaco, muito tabaco. É uma terra banal. Se amigos meus soubessem que escrevi isto já me teriam partido o coração! Ah! Mas eu tenho uma boa caixa torácica! No Alto da Moca! No Topo do Pico do Cume do Topo do Alto da Moca! As de meias ficam aquém, trémulas, partilham a seringa, ‘não se fique sem vacina’, os outros zarpam, procuram um sÃtio que lhes inspire, esses vêem-se numa prancha de snowboard, numa adrenalina “eutanasianteâ€.
Dois sujeitos endrominados pela heroÃna, de calças furadas, a comprarem dinamite. Bumm!!!
Foda-se para a lógica. Nem vestidos se pode dizer que trazem, mas com a merda na mão que irrigam o chão à boa moda das bailarinas de um cabaret, lá isso sim! No Alto da Moca. Era o dia deles, do João e do Humberto, o grande dia, iriam passar a activos. Abrasarem-se no activo. Lá isso iam. No Alto da Moca. Um dealer dirigira-lhes a palavra, crera neles e nos seus modos de toxicodependentes-mentirosos-compulsivos prometeram defender o tráfico. Um amigo doutro amigo apresentara-lhes o barão. Engravatado, não bazofiava a mais uma peça que encaixava perfeitamente no puzzle que era a Moca. O primeiro trato era estarem limpos, nada de sidas, passaram, nada de escapar à rede, o negócio seria um polvo e uma rede de pesca, ao mesmo tempo, passaram-se. Embora lá com as picadas da cumplicidade à fé e à salvação se safaram nos testes, primeira pergunta: Safas-te ou é só beijinhos? — Que plágio! Aquilo é a frase descarada da O.M.N.I., descarada, o que importava, desde que largassem a cocaÃna… nas mãos de muitos drogados e ao fim da noite devolvessem a maquia como correspondência dos CTT de endereço insuficiente?
Eram-no agora nas veias conspiradoras de sangue azul podre das ferroadas mal dadas pelas abelhas vorazes e cheias de mel, os dois fulanos, no miolo do Alto da Moca, João e Humberto. Passavam-na ali e acolá, noutras horas de menos movimento passavam-se... Amigos de longa data para a esperança de vida dos camaradas que foram ajuntando ao longo da vida, e depois na morte só os respectivos cadáveres. Naquela gansa de mão dissimulada, a derreter na mãozinha sorrateira e esburacada ao bom estilo do queijo Roquefort.
Contudo, com doses de heroÃna, ganzas, cocaÃna, crack, ectasy, marijuana, clorofórmio, ópio, cogumelos, maconha, shunk, LSD, muitas ‘boa noite Cinderela’, e foram regatear por culpa da puta do dinheiro, que vai fodendo de caralho em caralho. E já nem a frase nojenta ‘confias em mim’ resultava, mais rapidamente faria efeito uma aspirina do que a porra das confianças. Até mais célere era as vidas das sardinhas que enlatavam a droga que os dois vazavam a torto e a direito. Nas seguintes baladas dialogaram.
— Ah, seu filtro da luta! Ai mamas com este calão do paspalho no teu soalho! Seu perdas! Lona da tua tia! Já levas com esta és porrada!
— Mano, estás enganado. Juro. Dá para os dois.
Ao que, sem reacção, Humberto de uma porrada só é morto com o cérebro espetado num ferro, de cabeça colada perfeitamente à parede, como a peça final do grande puzzle que era o Alto da Moca, embora se refizesse novamente e o barão não precisasse de mudar de império.