Pedro Ventura
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« em: Agosto 09, 2008, 13:43:23 » |
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- O mal é que vejo as mulheres à tua imagem. Os meus padrões de mulher ficaram bastante elevados depois de te ter conhecido… Daà a minha incapacidade de arranjar alguém, daà a facilidade com que vejo defeitos nas outras que não tu… Estás satisfeita? Era isto que querias ouvir? - Queria ouvir que ainda gostas de mim. - Que diferença teriam essas palavras? - Nenhuma. - E esse brilho nos olhos, não quererá também dizer alguma coisa? - Estou casada António. Tenho um casamento feliz. - E eu não terei aà um recanto bem guardado no teu coração? Os teus olhos dizem-me que sim. - Sabes, muitas vezes temos de ignorar o coração… - Sim, sei. Disseste-mo antes de ires para o altar. O que é pena!.. Continuas a conhecer-me como ninguém. Quase melhor que eu próprio… Continuas a ler os meus pensamentos, e isso não acontece muitas vezes. Dei-me a ti como a mais ninguém… - Irás ser sempre uma pessoa especial para mim, António. - Fico feliz por saber, mas não é isso que me traz a felicidade. - Nunca pensei que dez anos não fossem suficientes para me esqueceres… - Nem a própria vida chegará. Irei morrer com a certeza que és a mulher da minha vida, até lá, guardarei uma triste réstia de esperança que o nosso dia há-de chegar. O destino por vezes tem feitos inacreditáveis. A minha avó casou-se com o seu primeiro amor já depois dos dois estarem velhos. Tiveram uma vida separados, casados com os respectivos companheiros, e eis que o destino junta aqueles dois corações que sempre bateram na mesma sintonia. E isto não é uma estória de um romance, sabes tão bem como eu que isto aconteceu. Aliás, ainda se mantêm juntos. Esses sim, podem dizer que é até que a morte os separe. Não gozaram a vida juntos, a saúde, mas gozam agora uma velhice feliz e amparam-se na doença. Mas estão juntos. Esse era o desejo de uma vida. - Pára, António! O meu marido está ali a ver-nos e eu estou aqui encostada ao balcão a falar contigo. Não quero ter problemas. - Ele é bom homem, apesar de me ter roubado a mulher. - Esquece isso. - Tremo por dentro, sabias?! E estou tomado de um nervoso inexplicável… Mas no entanto estou feliz por estar aqui a falar contigo, sem que me trates daquela maneira fria que só tu consegues… - Talvez seja aà que reside o teu fascÃnio por mim. - Talvez. Mas sei que por detrás dessa máscara que tão bem sabes usar também escondes as tuas fragilidades. Essa é apenas uma defesa tua. A advocacia ensinou-te isso. Mas admiro-te por teres a bravura de estares aqui a falar comigo, sujeita a teres desacatos domésticos. Sempre conseguiste meter os homens no seu lugar. Isso sim, é um fascÃnio para mim. - Sempre te quis bem, António! - Nunca pensei o contrário. E também sei que, mal ou bem, sempre foste acompanhando a minha vida, pelo menos o mais relevante que se tem passado com ela. Os amigos em comum, têm os seus prós e contras. Mas eu da tua, nem sinal de fumo. - Talvez queiras que eu saiba de certos acontecimentos da tua vida. E confesso que me orgulho de muitos dos teus feitos, António! - Todos eles, foram a pensar que um dia te merecesse. - Adeus, António! Talvez um dia voltaremos a falar… - Talvez um dia voltaremos a ficar juntos. - Não te iludas António. - Gosto de viver assim, na ilusão.
2007
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