josé antonio
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« em: Agosto 24, 2008, 18:28:53 » |
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Fim da manhã. Pub vazio. Eu e três empregados. Duas empregadas de mesa e um chefe de cozinha orgulhoso do barrete tipo copa de gelado enterrado na cabeça. Lá fora continuava a morrinha que durava há já alguns dias, normal naquela cidade cinzenta. Daquele paÃs também cinzento. Nem claro, nem escuro. Apenas cinzento. Borrifava com ternura as folhas largas dum arbusto meu desconhecido que enchia todo o pátio em redor do Pub. Depois as gotas escorriam como numa bica para a tijoleira velha, apenas para a molhar. Sem força nem caudal. Pedi o whisky para supostamente aquecer a lenda do espÃrito e bem-estar. Chegada a hora do almoço longe da famÃlia, optei pelo meu conhecido pitéu de há uma semana atrás : batata cozida e embrulhada numa folha de alumÃnio recheada com fiambre, queijo e ovo. Enquanto aguardava o serviço da cozinha chegaram dois jovens casais. Quase imperceptÃveis, como se cumpridores de um qualquer código de boas maneiras para se cumprir naquela cidade. Naquele Pub. Sentaram-se em mesas separadas e deram inÃcio ao diálogo entre si através da bebida. Largamente a favor da cerveja. O meu já familiar pitéu chegava transportado por uma das jovens empregadas treinada com a simpatia para aquele serviço. Com um sorriso dela nos lábios. E uma beleza dela na face. A parte sempre mais difÃcil e por isso mesmo mais apetecida daquele prato, consistia no desembrulhar da batata, que normalmente saltava travessa fora, sarcástica e castigadora, obrigando-me à sua imediata recuperação antes de ser notado pelos restantes clientes. Quando me preparava para tamanha prova que quando superava me elevava grandemente o ego, notei a projecção da sombra dum vulto na toalha cor creme da mesa. Virei a cabeça e tinha atrás de mim, a minha colega daquelas bandas, Patricia. Residente nos EUA trabalhava em Tóquio. Estiveramos com outros colegas doutros paÃses numa reunião, na véspera, todos distribuÃdos por diversos hotéis. Duma jovialidade transbordante, pediu licença para se sentar, apreciou o meu pitéu e sem demora explicou-me a maneira simples de me libertar do alumÃnio da batata. Para ela, pediu um prato muito mais apetecÃvel que a minha desgraçada batata cozida que eu não descobrira no cardápio. E começamos a gastar o tempo. Continuou a narração da sua vida iniciada no dia anterior : da famÃlia, da carreira, dos hobbies, da vida em Tóquio - deixando-me estupefacto quando me afirmou que naquela cidade as empresas instalam os armazéns nos andares mais elevados, normalmente a partir do vigésimo piso, prática que nunca me arrisquei a divulgar depois de regressado à empresa no nosso paÃs. Acabámos o almoço e a conversa por volta da hora de recolher naquelas bandas, um pouco mais das três da tarde. Ofereci boleia, desconhecedor de que também ela utilizava viatura do rent-car. Regressei ao hotel. Entrei no quarto e quando me abeirei da janela sobranceira a um enorme terraço com piscina e jardim deparei com algumas dezenas de casais eufóricos festejando um casamento. Esfreguei as mãos de satisfação por poder gozar gratuitamente aquele espectáculo até entrarem na fase da embriaguez e respectivos desmandos de pouca ou nenhuma vergonha como já me tinham anunciado acontecer com inúmeros beijos, abraços e por aà fora. Ia ter espectáculo no mÃnimo até ao jantar. Grátis e com vista preveligiada. Desisti ao fim de alguns minutos quando me cansei de só ver largos chapéus que escondiam a protegiam as senhoras, jovens e mais entradas, da teimosa morrinha. Dirigi-me ao bar para olhar e matar o tempo em falta para o jantar. A morrinha continuava a cair lá fora e no sofá ao lado do meu, absorvida pelo portátil estava Patricia.
E ficámos noite adentro.
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