antónio paiva
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« em: Outubro 18, 2007, 23:29:44 » |
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Mesmo que não haja Verão, haverá sempre a nostalgia, os meandros indizÃveis de outros corações.
As dunas onde te deitas e me ofereces o teu corpo. Os espaços marinhos. A ternura em espasmos. Nada mudou desde o primeiro dia. Assim continuamente.
Aposto nestes momentos, todo o fulgor do tempo. O desejo cavalgando mar adentro. Sem limites. E já perto, muito perto, o clÃmax o êxtase. Vislumbro ainda horizontes maiores.
Amanheço, percorrendo os lugares do sonho. Espraio-me por inteiro nas confidências dos teus sussurros. Há o mistério que te suporta. O sorriso que te beija o olhar a toda a hora. Peito aberto, aceitas-me, tal como o parágrafo aceita a palavra certa.
Na melhor taça me serves o delicioso néctar que o teu corpo encerra. É tão mais fácil sentir, do que dizer ou descrever. Na pausa, passeio-me contigo, parece nada ter acontecido. As vagas vão e voltam. Entardece como de costume à mesma hora. O repouso. O cais. O pequeno barco preso pelas amarras. O vento do desejo faz inchar de novo as velas feitas dos nossos corpos.
Entre uma e outra vaga, fazemos amor de novo. Sacudimos os corpos, como se nos fossem estranhos. É a essência que procuramos. A mistura harmoniosa. Paira o silêncio. O bater dos corações dissolvido pela brisa. A subtil diferença de usar os corpos. Onde até o sofrimento parece sensual.
Memórias tão vivas como as marés. Olhos de água, a ternura sublime. Ondas de amor. Soluços de peitos magoados, sufocando o respirar. Teu corpo de mulher espreguiça ao vento.
A minha teimosia de encher as gavetas de nuvens. O conflito entre o meu corpo e a minha mente, leva-me a não acreditar em nenhum deles. Um escriba medÃocre e péssimo amante. É o meu espólio. O meu cartão de visita.
Memórias tão vivas como as marés. A ilha pode ser o quarto. O desenhar o vértice da noite onde nos consumimos sós. Luar aquecido pelo choro. O calar-te pela emoção. Venerando a manhã criada no teu ventre. Dentro de ti é agora a minha morada.
Se já cometi o desaforo de afirmar que escrever poesia é fazer amor com as palavras. Devia ter a coragem para afirmar: Que fazer amor contigo é poesia.
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