( Tertúlia da Afurada - homenagem aos homens que se perderam no mar)

[Goreti Dias]

Rolam as ondas, grita o mar embravecido,
 Gemem os homens por sobre as águas,
 Barcos singelos, rezas reais…

Rolam as ondas, choram as mulheres no areal,
 Gritam-se medos, rochas, mar adentro,
 Lenços molhados, lágrimas sofridas…

Rolam as ondas, cai o céu sobre as cabeças,
 Desatinam-se almas engolidas na areia,
 Vidas acabadas, sufocadamente negras!

Rolam as ondas, perdem-se os homens…
Mar bravo e inclemente unes as terras,
 Matas a fome, mas matas a vida a cada dia.

Rolem, rolem, rolem as ondas, mas não se percam os homens
 Rolem, rolem, rolem as ondas, mas tragam-nos o pão de cada dia
 Rolem, rolem, rolem as ondas, mas não renasçam os medos
 Rolem, rolem, rolem as ondas, mas não se criem novos mitos!

Abaixo a raiva do mar!
 Abaixo a morte!
 Abaixo o novo Adamastor!
 Viva a vida, o peixe e uma nova vaga de sereias!
 Viva à vida! Não à morte!
 Se assim o quiser e puder São Pedro, pela graça de Deus!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

"Rolem as ondas..."
Subam os aplausos.
Já comecei.

Grande abraço

Oswaldo Eurico

[helenacosta]

 
Excelente homenagem!

 

[Alice Santos]

Parabéns Goreti.
A tua homenagem aos homens que se perderam no mar foi um dos grandes poemas ditos na Afurada.
Gostei imenso de te ouvir dizer este teu poema.
Abraço

[Nação Valente]

Uma rara capacidade de navegar em ondas feitas de palavras. Uma homenagem aos homens do mar, à vida, à coragem, à esperança. Subscrevo.

[Dionísio Dinis]

Poesia é de certeza, se o entendemos ou não, é labor por nossa conta.Os meus aplausos!

[Goreti Dias]

Obrigada. Ainda bem que apreciaram.