Com um estalar de dedos se gerou o Cosmos, com uma zoada desvaneceu ITT do paraÃso, afiançando asas à sua crónica. A que um velho narrador, que reside na morte morosa, num palheiro de uma encosta, na ribalta do horizonte, muito além do fundo dourado, ambiciona encetar. Visando que após a minha morte ela fluirá e encerrará na sua conta.
ITT inicialmente tivera nome de gente, um dia, num palheiro, um similar àquele em que me acho, contudo destacava-se a subtileza de esse circunscrever rodas e travões. Era um camião. Naquela altura o seu pai, moribundo, era camionista. A sua mãe acompanhava-o, e era hora de parto, as águas já tinham embasbacado numa catrefada de pó do tapete há milhões, e ela preparava-se para o dar à luz dos máximos que assomavam em cada curva daquela estrada que se estendia até ao infinito… uma vez que nunca chegariam antes do parte se der com a facilidade de uma travagem, e por milagre, na estrondosa história da vida de ITT, aquando de ejacular dos rebordos musculares distendidos o pai apanha-o, antes que derrapasse para os fundos oceânicos, onde as águas tinham desaguado…
Evidentemente, uma versão de que o cordão umbilical o tivesse salvo fosse de outra extensão e manifestasse uma liga metálica ao seio maternal de uma ordem superior, a mãe nunca lhe decidiu contá-la. E preferiu ficar pela constituição angélica de o pai lhe livrar da morte no acto da nascença, e com isso ITT esquecer o seu nome de recém-nascido, Diogo Sebastião Rita de Ulisses Curva & Curva, e não resguardar um resfriado ao nunca comparecimento do seu pai na sua vida e um sentimento de especial. A quantos colegas no jardim infantil, se o frequentasse, perguntasse como nasceram e responderiam que fora por intervenção divina do próprio pai, evitando que se estatelasse em cima das águas e ali morresse, sacudido pelos tombos do carro nas curvas e pela própria estupidez do pai, salvador, que mesmo sabendo a inviabilidade de chegada ao hospital a horas, continuava pregando a fundo, como se fosse, novamente, o salvador e trouxesse luzes de ambulância ou polÃcia em cima do toldo ou da cabine do seu SCANIA? Embora fosse evidente que essa tradução da sua natividade fosse uma reles treta incapaz de se implantar num livro ou numa historieta, sem ênfase e que compelia ITT, enquanto pirralho, a se sentir único, dotado, maravilhado pelo mistério da sua vida.
Numa breve sÃntese, os primeiros dois anos após o seu nascimento, tinha fraldas de pano, cagava-se, mijava-se, mamava na teta até ao fim do primeiro ano de vida, era um mamão autêntico, idêntico aos dos placares da cerveja que abordava com o olhar cristalino durante a chucha pontiaguda, sorte a mãe não secar, ou as amigas da mãe não secarem, ou de haver indefinidamente alguma que não estava seca, vestia-se decentemente para uma moda ameninada que só aparenta diversificar na cor.
Agora com dois anos, não só falava e não só gatinhava, já falava e já corria. Já era o pato menor de recados da mãe e incorria na vida da prostituição. Ou o que faria a mãe num camião? Que imagem tão decadente e impossÃvel. Não abandonar o serviço… seria isso possÃvel? Por acaso abdicara dele. Não do ITT, do serviço sim. O senhor do camião era alguém que lhe dera boleia quando a vira desesperada à chuva, a dizer que uma amiga a deixara ali, isso quando ele parou o camião com vistas a ceder uma parte do assento direito. Talvez a amiga a deixara com algum desespero causado pelo embaraço de ir levar alguém de má vida que o hospital já recebera por outros motivos, hospital que era pequeno e que cada ficheiro era público por olhos tropeçarem em cada greta e a menor onda sonora penetrar na menos elástica das matérias.
ITT crescera na mesma medida que um baluarte, astuto, presunçoso, centrado em si de tal modo a asfixiar cada partÃcula de ar para si, até que as árvores secassem e se tornassem paus hasteados paralelamente a ferros que envergavam bandeiras de redenção.
Ele procurara negociar por conta própria, contrariando a parceria com a mãe. Não querendo, nesse seguimento, unir os dois negócios que tanto se diz um puxar o outro numa força centrÃfuga que se comparava à do ego de ITT. ‘Boa sorte, ITT, continua ITT’, era o que ela lhe dizia nessa derradeira discussão de negócios, em que ele prosseguia e ela atendia um cliente que se lambuzava a baba e labareda.
ITT seguia imediatamente no seu popó, que, intuitivamente, achava-o demasiado acanhado, por ter regurgitado anos a fio a imagem do camião da sua aparição que, se o estacionasse lado a lado com o Buda gigante, veria o camião com a cabeleira do Bob Marley e pareceria que ao Buda lhe haveriam tirado a careca.
Continua...