NA PEDRA DA LUA

[Sandra Fonseca]

Silenciosa
Cato os meus cacos
Pelo chão.
Assombro e solidão
Dos barcos onde pus a navegar
Os meus melhores sonhos,
Restam as velas rompidas
Os mapas perdidos,
Sem as rotas que tracei
No rosto da ilusão.

Os ricos tecidos, os linhos
Os veludos e as sedas
Carcomidos,
Que eu emendo aflita,
E nem a mais bela poesia
Refaz as rendas,
Reconduz o fio
De puro ouro corrompido.

Quanta vastidão há na dor,
Quanto lamento
De lobos famintos
Destinos sedentos,
Olhos de furacão.
Eu me desfaço
Em rituais de despedida,
Sacrificando cada ilusão
Na pedra fria da lua.

O círculo das paixões
Que pretendias
Já se fechou em ti.
Meu canto corre
No sentido oposto.
É outra nota, outro som
Guardada em preciosas caixas,
Conchas de segredo

É ave recorrente
Planando em vôo,
Marulhoso como os ventos do mar,
Prefere se ocultar,
Intenso desconforto,
E só faz te guardar,
Do amor,
O  sagrado nome.

[josé antonio]

Sandra,

Gostei. Ponto.

Abraço

[Djabal]

Uma estrada dolorida e de resultado doloroso. Entretanto, enfuna todas as velas, pois não seremos jamais prisioneiros do nosso coração. Ele foi treinado para tremer, para remendá-las por rasgadas e levantar as  caídas e reencetar os vôos que hoje são circulares numa outra direção. Crê. Assim ensinou o poeta, só vivemos o que sentimos.Beijos.

[Goreti Dias]

Despedir-se da ilusão é despedir-se da vida também. Dói tanto que mata a esperança.
Bj

[Laura]

Adorei as palavras, as metáforas, as imagens.
E sim, alguém me disse um dia também que quem se protege do sofrimento, também se protege da felicidade. Só que por vezes, para se sobreviver, é a única alternativa. Por vezes, de facto "nem a mais bela poesia refaz as rendas."